A transição de carreira é uma opção a ser considerada por quem não está satisfeito com os rumos da vida profissional. Entre os motivos estão maior realização profissional, busca por melhores perspectivas de empregabilidade, por maiores salários e estabilidade.
“As armadilhas que levam à transição de carreira são armadas pelos próprios indivíduos. Há uma tendência de escolher a carreira com um olhar de fora para dentro, ou seja, observando o mercado sem considerar as suas particularidades, suas preferências e desejos, seus pontos fortes e fracos”, explica o professor Paulo Medeiros, coordenador do Curso de Gestão de Recursos Humanos da Fatec Barueri.
Este é um fator de infelicidade profissional, que pode gerar desinteresse e desmotivação, e até culminar em consequências para a saúde, como o burnout. É possível pensar em uma transição de carreira dentro da mesma organização, com as vantagens de já conhecer a cultura corporativa e os companheiros. Mas a responsabilidade pela transição é do indivíduo. Hoje, mais do que nunca.
“Há algumas décadas se acreditava que a responsabilidade do planejamento de carreira era da empresa, que deveria ajudar o funcionário a evoluir. Hoje a gestão de carreiras tem como protagonista o próprio funcionário, é ele que deve buscar o caminho da evolução”, explica.
Do RH pra SI, do jornalismo para o esporte
Isaías Batista Costa se formou como tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos em 2017, mas não conseguiu boas oportunidades na área. Trabalhando como vendedor em uma loja de calçados, completou a faculdade sem fazer estágio, e foi barrado na busca por emprego pela exigência mínima de seis meses de experiência . Em 2022 iniciou o Curso Superior Tecnológico em Sistemas para Internet na Faculdade Tecnológica Estadual (Fatec) de São Roque e, aos 26 anos, encontrou seu caminho.
“Fui cursar Sistemas por influência de um amigo que, recém-formado, já conquistou um ótimo modelo de trabalho em home office, com bom salário, pacote de benefícios e tudo aquilo que eu sonhava. Almejo construir uma carreira sólida, com autonomia para estar com minha família e conforto financeiro. E espero nunca mais trabalhar no varejo!”, diz.
Aluno do Curso Superior Tecnológico em Gestão Desportiva e de Lazer, Paulo Queiroz se formou em Jornalismo, fez estágio e trabalhou na área antes de ir em busca de sua verdadeira vocação. Já na primeira faculdade algo parecia errado, mas o compromisso familiar não o deixou desistir.
“Meu pai pagou a faculdade e, mesmo me sentindo um peixe fora d’água, eu me sentia na obrigação de concluir a graduação e honrar os esforços dele. Mas sempre fui apaixonado por esportes, um dia eu teria que voltar”, conta.
Voltou pelos caminhos do Curso Técnico em Gestão Esportiva da Escola Técnica Estadual (Etec) de Esportes, e deu continuidade na Fatec, aos 39 anos de idade.
“Estou ciente dos desafios dessa transição de carreira, mas sinto que agora estou no rumo certo. Sou muito grato por essa nova oportunidade de ir em busca de uma realização, não só de carreira, mas de vida”, diz.
Sete dicas para uma transição eficiente
Seja em uma transição motivada pelo coração ou pelo bolso, o planejamento é fundamental para o sucesso. O professor Paulo Medeiros lista sete passos para uma transição bem-feita.
1) Busque ajuda profissional: aconselhamento de carreira é a prática estruturada mais antiga dentro do mundo corporativo. Entre os mais jovens pode ter a conotação de orientação vocacional, entre os mais experientes segue a linha do mentoring, uma preparação para entender as novas demandas do mercado em que atua.
2) Busque o autoconhecimento: entenda quais são os seus talentos, defina seu propósito, analise os conhecimentos que possui. A partir da vocação é possível ir em busca dos conhecimentos que lhe faltam, seja em um curso de curta duração ou uma nova faculdade.
3) Escolha o momento certo: a melhor hora para uma transição de carreira é quando está claro que o trabalho atual gera impactos na saúde mental e emocional, quando falta propósito, ou quando o mercado de atuação da empresa está em crise.
4) Planeje cada fase do projeto: ao tomar a decisão de mudar, tenha o cuidado de reservar tempo para aporte de novos conhecimentos exigidos por sua nova carreira. Enquanto empregado (na carreira A) use os horários fora do expediente para cursos e estudos que o levem em direção ao novo caminho, podendo até atuar nas duas em paralelo até que esteja pronto para assumir a carreira B em definitivo.
5) Monitore o mercado desejado: pesquise as vagas disponíveis dentro do novo escopo de carreira, converse com profissionais da área e entenda qual o conjunto de competências pedidas pelas empresas.
6) Faça um planejamento financeiro: lembre-se que você pode ter um decréscimo de salário nesta transição, mas as contas seguirão com os mesmo valores. Faça um planejamento e poupe para ‘segurar as pontas’ até que a nova carreira se concretize.
7) Cuide da sua saúde mental: se a mudança de carreira é motivada por questões como o burnout, o primeiro passo é buscar ajuda para eliminar as causas do estresse descontrolado. Entenda o processo e estabeleça um plano de ação para que o círculo vicioso não se repita.
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